Se "as coisas boas são de graça", por que parece que nada é suficiente?
Descubra como práticas simples como gratidão, mindfulness e conexões sociais podem elevar sua felicidade e bem-estar, valorizando as pequenas coisas da vida.

Quando o assunto é felicidade, satisfação, bem-estar e emoções positivas, parece que nada é suficiente, apesar do sucesso da música Só Fé (Grelo) declarar o contrário.
Começo esse artigo citando um trecho de Só Fé, do Grelo, porque fiquei muito surpreendida com o sucesso da música, principalmente devido às afirmações defendidas pelo artista na canção:
(...) Tudo isso foi de graça, irmão
As coisas boas são de graça, irmão
A vida é de boa
Não preciso de muito pra ser feliz, não. Estudando Psicologia Positiva há uns bons anos (apaixonada por essa área de pesquisa e prática), sei que o poder da gratidão é cientificamente comprovado como fator que eleva as emoções positivas e o bem-estar subjetivo, tendo até mesmo impacto sobre a baseline da felicidade (incrível, não?).
Por que escrevi tudo isso? Porque para mim, essa música – Só Fé – fala de ser grato pelo que se tem, pelas pequenas coisas da vida, por aquelas coisas que tomamos por certas e que muitas vezes são “de graça”.
Coisas, circunstâncias, experiências e pessoas que poderíamos desfrutar e agradecer, pois estão à nossa disposição.
Quantas vezes você abriu a janela do seu quarto e o dia estava lindo e você nem percebeu?

Quantas vezes abriu os olhos pela manhã e não agradeceu por estar vivo? Você entendeu a mensagem.
O fato é que passamos pela vida e a vida passa por nós, sem nos darmos conta. Vivemos no piloto automático, sempre com pressa, vivendo em outro tempo que não o presente (não estamos dentro da série Outlander, meu povo! rsrsrs).
Voltando à provocação inicial do artigo, se as “coisas boas são de graça” e não precisamos de muito para ser feliz, o que está errado comigo, com as pessoas, com a sociedade? Quais os nossos pontos cegos?

1. Cérebro Reptiliano
O cérebro reptiliano, a parte mais primitiva do nosso sistema nervoso, é programado para garantir nossa sobrevivência. Ele é responsável por reações instintivas, como lutar, fugir ou congelar diante de ameaças. Embora tenha sido útil para nossos ancestrais lidarem com perigos físicos, hoje, ele ainda dispara esses mecanismos mesmo quando não há riscos reais, como no trânsito, no trabalho ou até ao lidar com um e-mail tenso. Esse excesso de vigilância e busca por segurança nos afasta do momento presente e das coisas simples, porque estamos sempre focados no “perigo” ou na falta. Com isso, automaticamente prestamos mais atenção às coisas negativas que nos acontecem, do que às positivas. 2. Vício em Dopamina
A dopamina é o neurotransmissor ligado à motivação e à recompensa. Sempre que alcançamos algo – seja uma curtida nas redes sociais, uma promoção ou até uma comida gostosa – sentimos um pico de prazer. O problema é que a dopamina funciona como um ciclo viciante: assim que experimentamos uma recompensa, queremos outra ainda maior. Isso nos torna escravos da busca constante por estímulos, deixando as pequenas e simples alegrias da vida parecerem sem graça. É como se estivéssemos eternamente em busca do “próximo prêmio”, ignorando os presentes que já temos.
Tem jeito de conseguirmos usufruir das coisas boas, simples, corriqueiras e muitas vezes de graça, de forma a aumentarmos nossos níveis de felicidade e bem-estar?
Sim! A Psicologia Positiva traz respostas, baseadas em estudos científicos, com respaldo na neurociência! Que notícia boa!

Algumas práticas para que possamos voltar a ter satisfação com as coisas boas e simples da vida:
Praticar a gratidão regularmente
Tire um momento no final do dia para escrever três coisas pelas quais você foi grato. Isso ajuda a treinar o cérebro a focar no positivo, fortalecendo emoções de contentamento e bem-estar.
2. Mindfulness e atenção plena
Reserve alguns minutos para estar presente. Pode ser tomando um café, sentindo o sabor e o calor, ou observando a natureza ao seu redor. Isso acalma a mente e reduz o piloto automático.
3. Fortalecer conexões sociais
Estudos mostram que relacionamentos significativos são uma das maiores fontes de felicidade. Invista tempo com pessoas queridas, mesmo que seja em pequenas interações diárias.
4. Atos de bondade
Fazer algo pelos outros – como um elogio sincero ou uma pequena ajuda – libera serotonina e nos conecta ao propósito e às emoções positivas.
5. Cuidar do corpo e da mente
O bem-estar físico afeta diretamente o emocional. Exercício, sono adequado e uma alimentação saudável melhoram nosso estado de espírito e nossa capacidade de apreciar o presente.
Se “as coisas boas são de graça”, está na hora de ajustarmos nossas lentes para enxergá-las e, finalmente, sentirmos que são suficientes.
Mestre em Psicologia, Especialista em Psicologia Positiva, Felicidade Corporativa e certificada como CHO ( Chief Happiness Officer). Profissional com mais de 20 anos de experiência na área de Gestão de Pessoas, com foco em desenvolvimento humano organizacional atuando em empresas nacionais e multinacionais de médio e grande porte. Mais de 10 anos de experiência em cargos de liderança, atuando em implantações, projetos e programas de Gestão de Pessoas. Sólida experiência em todos os subsistemas de Recursos Humanos, principalmente em Desenvolvimento Humano Organizacional, Cultura e Educação Corporativa. Certificação internacional no Modelo Barrett para diagnóstico e evolução da Cultura Organizacional, pelo BVC (Barrett Values Center). Professora de cursos de graduação e pós-graduação.
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